O que nos torna Únicos?

O que nos torna Únicos?

7 de Abril, 2025 • 6 min de leitura

Seria essa uma pergunta difícil de responder? Algumas coisas podem ser complexas de colocar em palavras.

O Brasil no LoL não é e nem nunca foi uma região forte no quesito competitividade. Para quem acompanha o cenário competitivo a um certo tempo talvez esteja até frustrado com as campanhas internacionais recentes. Ainda que alguns apontem carência de algum fator, olhando mais de perto não parece ser nem falta de esforço dos jogadores e nem a falta de apoio da torcida. Então por qual motivo nossa Região "dá certo"?

O Cenário Brasileiro de League of Legends é a um bom tempo um dos casos mais inexplicáveis de sucesso dentre as todas as regiões. A própria Riot Games já admitiu que somos uma região que exporta ideias que são replicadas em outros países e regiões. Um detalhe importante nisso tudo e que as vezes não nos atentamos é que o Brasil foi até o ano passado (2024) uma Região Minor: Não havia acesso garantido a campeonatos internacionais e com "menos incentivos" por parte da desenvolvedora.

Olhando para anos atrás, campeonatos internacionais com regiões Major eram acessíveis através de disputas com outras Regiões Minors um campeonato Wildcard. Após algumas mudanças, a Riot escolheu criar um "Pré-Campeonato" como os Play-Ins do Worlds: Os times vencedores das Regiões Minors iriam disputar vagas no campeonato internacional entre si e com times de Regiões Majors que ficaram em 4° lugares (as vezes 3°). Enquanto os adversários seriam em teoria mais fáceis o que acabava acontecendo era uma demonstração nítida de diferença de nível. No final, era rezar para cair em um grupo em que a campanha seria menos difícil mas ainda assim, hercúlea.

Interessante é o caso do time vencedor do Mundial de 2022, a DRX: 4° lugar na LCK. Jogou os Play-Ins daquele ano e fez uma campanha onde várias vezes esteve com a corda no pescoço e por uma derrota de não conseguir continuar nos campeonatos. Isso aconteceu algumas vezes na LCK, nos Play-Ins e durante o Mundial. O time que teoricamente seria o "mais fraco" da região ganhou o título mundial daquele ano.

Torcedores da LOUD na torcida do Stage fazendo o sinal de "minúsculos" para o time adversário Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr

Agora somos uma Região Major!?

Apesar de times Brasileiros classificados para o Mundial terem ganho jogos aparentemente improváveis de times muito superiores como o caso da Kabum de 2014 ganhando da Alliance (vencedora da LCS EU), e da famosa INTZ de 2016 vencendo da EDG (vencedora da LPL), o ano de 2024 foi marcado por uma polêmica de reestruturação global da Riot Games e do Cenário Competitivo.

Algumas Regiões Minors foram integradas e agora seus campeonatos são para levar times aos Play-Offs de outra região. Já a LLA por exemplo teve sua liga extinta e levou times para 2 outras Regiões: O CBLOL e a LCS. De forma geral todas as Regiões Minors foram afetadas negativamente.

O CBLOL por outro lado recebeu uma forma de promoção para Região Major: Agora somos uma Liga dentro de uma Conferência com a LCS e temos vagas garantidas em Campeonatos Internacionais.

Mas qual seria o motivo dessa "melhoria" se nossa qualidade dentro do Rift nunca chegou a brilhar muito em solo internacional? A resposta está fora dele: sempre estivemos mostrando números e engajamento em um nível diferenciado e muito acima da média, ainda que fossemos uma Região Minor.

Colosimus olhando sorrindo para a câmera com uma expressão de enlouquecido Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr

Todos concordam que o público Brasileiro é especial. Somos apaixonados, aficcionados, enlouquecidos e atordoantes. E por mais que digam que sabem o que estão fazendo, todos que entram em contato com nossa torcida, seja nas redes sociais ou ao vivo não conseguem entender o tamanho da dor de cabeça que estão encomendando.

Esse sucesso também transborda para outras áreas não ligadas diretamente (em termos de negócios) ao produto CBLOL/LTASul

  • Nossos influenciadores e Co-Streamers tem números acima da média
  • Os Criadores de Conteúdo possuem engajamento
  • As Organizações em sua maioria conseguem Torcedores fieis
  • O Público é fiel e cria instituições paralelas como Torcidas Organizadas

Se faz necessário admitir que talvez essa seja uma característica do Brasil e não apenas dos torcedores de League of Legends: Somos resilientes e criativos. Quando temos um time Brasileiro para torcer, torcemos. Se não tem time do Brasil, buscamos um jogador Brasileiro em outro time. Quando nem esse é o caso, torcemos para algum jogador quem tem um parente de 3° grau Brasileiro ou já arranhou um português alguma vez: "Olar, Brazíoo!".

Caso não exista uma remota ligação com o Brasil dentro do Rift ou do Campeonato, ainda assim conseguimos "dar nossos pulos": Uma entrevista onde o Brasil é citado, um contato inusitado com um turista que "faz a boa" ou até uma discussão sobre um jogador de algum time da LPL/LCK errando um combo que um mono-champion do nosso super-server claramente não erraria em hipótese alguma.

Sempre há pauta. Sempre existe algo acontecendo. Sempre temos uma história pra contar.

Torcida organizada da Pain Gaming gritando com tambores na entrada da Arena, saudando o time Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr

No fim, é tudo sobre nós!

A junção de diversos fatores internos e externos as escolhas da Riot Games e do Produto LTA/LTASul transforma o cenário como um todo e redefinimos o que é possível. Mas se tivesse que citar o maior fator de sucesso de nossa Região, ele seria:

Comunidade.

Jogador Cariok cumprimentando a Torcida Organizada da Pain antes de entrar no Arena para o dia da LTA Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr

Nossa comunidade é rica, diversa, receptiva, engajada e muito mais. Esse é talvez o maior ponto de sucesso de nossa Região e para a tristeza dos engravatados da Riot não há como replicar. Somos competitivos, queremos a vitória a todo custo e defendemos nossos times com todas as nossas forças sempre acreditando no impossível.

Ao mesmo tempo estamos igualmente motivados pelos nossos parceiros de Arena, conhecidos de Chat, Mutuals das redes sociais e amigos que criamos durante o caminho. Não estamos torcendo apenas pela Tag, pela Org ou contra o time rival; torcemos também pela pessoa que está na frente da tela, pelos nossos amigos que estão ao nosso lado e pelo momento que estamos vivendo.

Deve ser incompreensível aos estrangeiros abrir a transmissão da LTASul antes dos jogos começarem e assistir grupos uniformizados fazendo bagunça com batucadas coordenadas em apoio aos jogadores e times.

É inesperado a eles ver um time ganhar uma partida, comemorar e o MVP escolhido ter uma imagem de um player vestido de Garçom, com maquiagem de Coringa ou usando roupa de cozinheiro.

Os gringos não compreendem que jogadores levantam das cadeiras para inflamar a torcida e gritam para adversários a cada Team-Fight, só para retribuir uma mensagem de horas antes do Twitter.

Talvez algo mais inconcebível ainda é: O apoio da torcida a todo volume que tem seus berros coordenados vazando pelo microfone dos casters incentivando os times e empurrando ainda mais a Arena para a insanidade.

Não é a toa que durante os Playoffs da LTA durante o Split 1 os times da LTA Norte se encantaram e falaram que gostariam de jogar em um lugar assim todos os dias. Não é como se eles não tivessem uma das melhores arenas com uma das melhores estruturas possíveis lá na LTA Norte.

Nossa diferença não está na quantidade de lugares na Arena ou no tamanho do palco. Não está na proximidade dos adversários ou na qualidade dos equipamentos. Muito menos na forma de Draft ou no formato do campeonato.

Pensando um pouco melhor, talvez não seja tão difícil assim de responder "O que nos torna Únicos?"

O que nos torna especiais é justamente o que fazemos parte e ajudamos a construir:

A Nossa Comunidade.

Foto tirada do palco com o time da VKS de frente para o público agradecendo após uma vitória Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr